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AcreEXTREMO: Cheia histórica em Jordão.

Juliana Gomes, da Redação • fev. 29, 2024

Repórter Cinematográfico relata impacto avassalador das inundações no estado do Acre em entrevista exclusiva. 


É sabido que o inverno amazônico é historicamente uma estação do ano na região que inevitavelmente é crivada por cheias nas capitais e no interior. Só no estado do Acre, desde 1991 até 2022, segundo dados da Defesa Civil, os prejuízos deixados pelas enchentes no Extremo Oeste do Brasil já somam 1 bilhão de reais. Em 2024, lá vamos nós novamente, devido às fortes chuvas que atingem o estado neste final de fevereiro. As chuvas torrenciais provocaram elevação do nível dos rios e trasbordamentos em zonas urbanas resultando em enchentes históricas. Atualmente, 19 municípios se encontram em situação de emergência

 

Segundo a Defesa Civil, mais de 100 mil pessoas foram impactadas pelas inundações em todo o Acre, incluindo aquelas que ficaram desabrigadas, desalojadas e as que optaram por permanecer em suas residências mesmo com a chegada das águas. Os níveis críticos das enchentes no Acre estão devastando especialmente a cidade de Jordão, onde 80% da população foi afetada pelas águas do Rio Tarauacá, de acordo com informações divulgadas pelo governo estadual.

   

CENÁRIO CRÍTICO 


Com uma população de um pouco mais de 9 mil habitantes, Jordão enfrenta uma situação alarmante que levou o prefeito Naudo Ribeiro, do Partido Progressistas, a decretar estado de emergência e calamidade pública.




O Repórter cinematográfico Thauã Conde conferiu de perto a triste situação da cidade e compartilhou conosco memórias e registros deste momento. Thauã se locomoveu da capital do Acre até Jordão através de transporte aéreo, único meio viável naquele momento. 


Em mapa produzido por Gerson Bessa, Geógrafo e Diretor de Inovação Tecnológica do Instituto GeoLAB, é possível conferir a distância percorrida por Thauã e equipe até chegar ao local. 



"Chegando lá, a gente já começa aterrizando em água praticamente. A pista de pouso já estava parcialmente inundada. Tivemos que descer praticamente na água. Quando chegamos, não tinha acesso nenhum de internet ou celular. Não tinha como ter o mínimo de comunicação com alguém fora da cidade. 70% dela já estava sem energia”, conta Thauã. 

 

PERDAS E DESESPERO  


Desde o aumento do rio, a cidade remota de Jordão vem passando pela perda de acesso a diversos tipos de serviços essenciais, relacionados a saúde, comunicação, energia elétrica e abastecimento de água potável.  Foram providenciados abrigos públicos pela cidade para oferecer suporte a quase 6 mil pessoas desabrigadas.

 


"Saímos andado pela cidade em baixo de chuva, atravessando as ruas que estavam alagadas. Eu, tomando sempre muito cuidado com meu equipamento porque estava chovendo muito. Viramos em uma rua e nos deparamos com a água e a população local toda já em canoas, andando com água na cintura, carregando TV e seus outros pertences. Foi bem impactante de primeira vermos isso”, comenta Thauã. 



“Nos deparamos com a cidade toda tomada pela água. Eu vi a cena dos moradores com canoas no meio da rua, retirando suas coisas das casas e o prefeito nos encaminhando para certos locais onde estava chamando muita atenção. Meu sentimento era de querer ajudar todo mundo braçalmente, de entrar nas casas, pegar as coisas, ajudar a empurrar. Eu queria fazer tudo isso mas ao mesmo tempo eu sabia que registrar tudo era muito importante, porque realmente a gente precisava mostrar a realidade de como estava lá”, relata o repórter cinematográfico. 

 

Durante a cheia, o hospital da cidade foi inundado, causando danos a ambulâncias e outros materiais médicos. 

 

“O hospital estava precisando de ajuda para retirar os pacientes. E no trajeto fomos nos deparando com uma quantidade de água que era inviável andar porque, até então, estávamos com a água na cintura e a gente conseguia andar. Mesmo com medo, seguíamos as pessoas que conheciam o caminho. Mas chegou um momento em que a gente teve que entrar realmente no barquinho e fomos assim.” detalha Thauã. 



 

Nesse translado que fizemos para atravessar algumas ruas para chegar até o hospital, foi onde eu fiz alguns registros. Passamos por casas praticamente cobertas, só com o telhado ali aparecendo. A água no topo das janelas”

 

Segundo Thauã, a tensão e preocupação entre os moradores dominava o local. Alguns deles inclusive relataram que nunca haviam visto uma cheia de tamanha proporção como a deste ano, que afeta ao menos 23 aldeias indígenas. Algumas famílias foram acolhidas pelo governo do estado. 



“Foi muito comovente e emocionante ver aquilo ali e como eu falei, não pude deixar de registrar. Hoje, nesse momento, eu sinto que poderia ter registrado até mais, porém como aquela situação estava tão tensa, tão crítica assim... Estava uma coisa de filme. Era gente preocupada e nervosa para onde você olhava", conclui o Thauã. 

 

 

A IMPORTÂNCIA DO HORIZON  


A ferramenta de risco climático do GeoLAB | Horizon, apoiada pelo CNPq Brasil, é extremamente útil em uma situação como a que ocorre no Acre. Essa ferramenta fornece dados e análises precisas sobre os riscos climáticos, como enchentes, eventos extremos de chuva e o impacto das mudanças climáticas na região.  Com base nessas informações, as autoridades locais e os órgãos de gestão de desastres podem tomar medidas preventivas e de preparação para enfrentar as enchentes e minimizar seu impacto na população. A ferramenta permite identificar áreas de risco, prever a intensidade das enchentes e planejar a evacuação e o realocamento da população de forma mais eficiente. 


Além disso, a análise de risco climático do Horizon pode ajudar na implementação de medidas de adaptação e resiliência para lidar com as consequências das enchentes a longo prazo.  Em resumo, a ferramenta de risco climático do Horizon é essencial para a gestão proativa e eficaz de desastres naturais, como as enchentes que atingem todo o estado do Acre, fornecendo informações valiosas para proteger vidas, reduzir danos materiais e promover a segurança da população. 

 

Confira abaixo o demonstrativo de antes e depois da enchente na cidade de Jordão, através de material produzido por Lucas Henrique


 



Acompanhe o Instituto GeoLAB nas Redes Sociais para ficar por dentro de tudo que acontece por aqui! 

 

Para mais informações sobre o Projeto Horizon, apoiado pelo CNPq Brasil, visite www.geoeconomico.org/horizon 

 

Agradecemos imensamente a colaboração de Thauã Conde, Gerson Bessa e Lucas Henrique para esta matéria. E lembrem-se: #SomosGeoLAB!  

 

Contato para a imprensa: 

 



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